terça-feira, dezembro 17, 2013

{ausência eterna}

❥ a vida ensina-nos todos os dias a perder, mas há perdas que nunca aprenderemos a aceitar

o meu avô não era o cliché dos avôs que nos dava colo ou guloseimas às escondidas. também não nos livrava dos ralhetes ou das palmadas que pudessem chover porque, já se sabe, as merecíamos. o avô Manuel teve muitos netos, mas para mim ele é apenas isso, o meu avô, porque foi o único que tive durante toda a minha vida. o outro, de mesmo nome, faleceu numa altura em que a minha memória já não me permite recuar. 

o meu avô gostava da casa cheia e só nos pedia uma coisa, a família unida, mesmo que dividida pelo mundo. o meu avô não sabia ler, mas era um exímio contador de histórias, que nos deliciávamos a ouvir. mas o meu avô não era só o avô das caralhadas - não preciso de fechar os olhos para ainda ver as expressões marotas naquele que era o seu lugar da mesa e ouvir o seu riso rouco - foi o avô que nos ensinou as prioridades da vida: o amor, de menino rico a deserdado por ter escolhido a minha avó; e o trabalho, a dureza e o sacrifício da terra que nunca foi dele mas que sempre nos alimentou.

a vida ensina-nos todos os dias a perder, seja um bem material ou alguém que aprendemos a amar antes de ela chegar ao seu destino, mas há perdas que nunca aprenderemos a aceitar ... 

mesmo que tenha chegado a tua hora, até sempre meu 'vô.

6 comentários:

obrigado pela tua partilha :)